Grandes falhas humanas e técnicas
Na Copel era um padrão de avaliação informal entre nós que
trabalhávamos na linha de frente que os acidentes costumam acontecer com eletricistas
novos (sem experiência) e os velhos (excessivamente confiantes).
É óbvio que a ignorância propicie falhas humanas,
inaceitável é sentir que a empáfia de pessoas que deviam ser mais cuidadosas
acaba criando critérios próprios de avaliação e, assim, gerando acidentes
terríveis.
Tudo fica pior quando existe politização e outras
conveniências contaminando e inibindo auditorias.
É rotina das conclusões de análises honestas e bem feitas de
acidentes graves que um conjunto de falhas viabilizam tragédias, isso vai de
Chernobyl à central de Fukushima, da Baía de Minamata ao derrame de óleo no Rio
Iguaçu pela REPAR, dos acidentes aéreos inacreditáveis aos grandes incêndios,
ou seja, dos grandes aos pequenos acidentes podemos descobrir que um conjunto
de erros humanos e técnicos matou e deixou sequelas permanentes em pessoas que
alguns minutos antes nem imaginavam o que lhes viria acontecer.
Grandes e bons filósofos chamaram a atenção para isso que sociólogos
notáveis sabem, mais ainda os médicos que acompanham a saúde mental das
pessoas. Temos um período de máxima competência e depois iniciamos um processo
de regressão perigoso, pois nunca saberemos quando silenciar.
No Brasil temos pessoas notáveis dizendo e fazendo
imprudências incríveis. Por quê?
Parece que ambições políticas são mais importantes que a
segurança física e econômica da nação.
Como evitar esses surtos megalomaníacos?
Felizmente graças aos mais modernos meios de comunicação e
processamento de dados que não cessam de progredir podemos trocar informações
em ambiente universal. Instrumentos de gravação de som e imagem custam cada vez
menos e não precisamos de padrões elevados de registro para capturar o que
dizem e fazem. Grandes redes sociais e sistemas de arquivo permitem a
divulgação de que descobrimos. O que falta?
Coragem e determinação de dizer e mostrar o que sabemos e
que deve ser divulgado e corrigido.
O incêndio na Boate Kiss não teria acontecido se os mestres
das sete universidades daquela cidade conhecessem melhor o local onde seus
alunos costumavam se divertir. Autoridades deviam saber que a ausência de
normas técnicas para esses locais era uma temeridade. O Corpo de Bombeiros se
usasse ferramentas mais adequadas do que marretas teria aberto as paredes com
rapidez, enfim, falando dos mordomos, se os seguranças fossem também uma
brigada local anti-incêndio tudo seria menos grave. O local onde a maioria dos corpos
foi encontrada diz tudo.
Infelizmente já estamos em período eleitoral, assim querem
auditorias rápidas, descobrir bodes expiatórios de imediato, fazer
manifestações simbólicas e esquecer rapidamente o que aconteceu.
Essa é a rotina brasileira. Com algum afago os grandes
acidentes são empurrados para debaixo do tapete até que outro semelhante aconteça.
O que, por exemplo, nossas estradas causam, sendo mal
feitas, insuficientes, sem opções adequadas e recursos de atendimento emergencial,
matando mais de quarenta mil brasileiros e brasileiras todo ano além de deixar centenas
de milhares com sequelas de todo tipo é algo já rotineiro.
O importante é o que a FIFA exige...
Cascaes
30.1.2013