segunda-feira, 16 de junho de 2014
sábado, 7 de junho de 2014
Somos idiotas?
O Brasil não é uma ilha
Governar, legislar, vigiar e punir com qualidade e respeito
a todos, um povo de duzentos milhões de pessoas espalhadas por oito e meio
milhões de quilômetros quadrados, significa um enorme senso de governabilidade
e Justiça que não tem paralelo em qualquer lugar do mundo. Se considerarmos a
história do Brasil, seus momentos bons e maus, a complicação cresce
imensamente.
O Brasil foi “descoberto” em 1.500, bom verbo, este.
No finalzinho do século 15 os europeus levantaram a coberta (aos
olhos europeus) de continentes que denominaram a seu gosto e critério de
Américas.
Aqui no sul existia um continente com milhões de habitantes
e inúmeras nações, algumas ferozes e bem desenvolvidas; a violência desses
povos mais organizados foi um maná para os invasores europeus, que assim
tiveram o apoio de povos escravizados ou simplesmente assustados com as nações
mais fortes, principalmente na América Central e oeste da América do Sul.
Continentes separados a milhões de anos formaram povos e
espécies vivas diferentes. A mistura uniu doenças, genes e hábitos nem sempre
sinérgicos. Algumas pragas reduziram a população pré-colombiana drasticamente.
Como era rotina e ainda o é em alguns lugares desse planeta
longe de conter habitantes realmente evoluídos, as guerras, genocídios e
processos de dominação física e intelectual foram aplicados nas três Américas.
Além do ouro, prata e as pedras preciosas que tanto
excitaram a imaginação dos invasores, aqui se estabeleceram para colher troncos
de árvores, algo que serviu de base para o desmatamento e abertura de espaços
para a agricultura oportunista. A escravidão foi o resultado natural num
período da história da Humanidade em que os poderosos desprezavam os seres
humanos de “classes inferiores” e a África (exceto a região do Nilo) surgiu
como fornecedora de carne humana.
Felizmente e principalmente a partir do século 18 os seres
humanos começaram a se ver de forma diferente. Ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade iluminaram o mundo assim como a mobilização do que se denominou
pequena burguesia contra as arbitrariedades de elites absolutamente alienadas.
No século 19, principalmente, revoluções mudaram povos e
mapas. Teóricos políticos e de organização social inventaram teorias de
organização política e institucional, algo que funcionou bem em países pequenos
e já relativamente cultos. A evolução dos livros, a Maçonaria, os clubes
patrióticos e até dissidências religiosas a partir dos excessos da Igreja
Católica estimularam a criação de escolas e universidades (exceto no Brasil) e
o conhecimento humano iniciou um processo de universalização, disparado pela
invenção de Gutemberg[1]
e a rebeldia de Martinho Lutero no século 16.
A lógica dos direitos divinos de elites (sangue azul) deu
lugar aos Direitos do Homem que agora evoluem para os Direitos dos Seres
Humanos.
Em pleno século 21, entretanto, ainda temos os iluminados,
gente que falava com Deus e agora se coloca no lugar do Criador. A renovação do
fundamentalismo religioso e ideológico assusta. O que é pior é a resistência de
“ilhas” e até países continentais onde ditaduras se renovam, alguns liberando
concessões a grupos mais competentes na arte de explorar o povo (exemplo mais
do que evidente: a China).
Não podemos negar as boas intenções de alguns, mas queremos
viver em gaiolas? Humildemente escravizados?
Tem gente que gosta.
Na América Central Cuba é o modelo de muitos que sonham com
soluções milagrosas. Esquecem a história dessa ilha e as facilidades
encontradas pelo seu maior ditador, liberando de tempos em tempos a fuga de
dezenas a centenas de milhares de dissidentes para os EUA. A grande fazenda de
seus líderes manteve na ilha as pessoas dóceis e dispostas à lavagem cerebral
constante e radical.
O Brasil é um país que nunca aprendeu a ser realmente
democrata. Aqui dinastias de políticos e famílias riquíssimas mandam e
desmandam com estrema sutileza, criando um ambiente de passividade preocupante.
A tendência, contudo, é a evolução inevitável, agora reforçada por processos de
difusão de informações poderosíssimos (ufa!).
De qualquer jeito a centralização do poder em Brasília,
fruto de uma Constituição Federal que teima em manter uma unicidade artificial,
é extremamente preocupante. Do fracasso dessa estratégia ao retardamento de
nosso desenvolvimento vamos perdendo tempo precioso.
A fábrica de leis, decretos, normas, carimbos, etc. custa
muito caro ao Brasil, não funciona, atrapalha. Enquanto isso desprezamos nossas
Forças Armadas, a única instituição realmente capaz de manter uma unidade
desejável, necessária e apenas suficiente para que possamos enfrentar forças
desintegradoras estrangeiras e nacionais assim como possíveis intervenções
imperialistas.
O Brasil é um país que maravilhosamente apresenta culturas
diferentes e não radicalizadas (querem radicalizar). Não somos uma simples
ilha, mas um país de dimensões continentais. Estaríamos maiores e melhores
economicamente, culturalmente, industrialmente etc. se os poderosos de plantão
no Planalto Central aceitassem a dispersão de seus poderes. Para agravar tudo estimulamos
a perversidade dos grupos de poder, inclusive partidos políticos que
simplesmente querem usufruir as benesses dos palácios. A Polícia Federal só não
mostra mais porque, ao que parece, é travada “politicamente”.
O Brasil não é uma ilha, mas poderíamos ser um grande
arquipélago de prosperidade e respeito aos povos locais. Nossa divisão
político-administrativa mereceria mais atenção e reformulação; acima de tudo
carecemos de reformas a favor da eficácia, honestidade, de respeito aos
brasileiros que começam a se mostrar impacientes com a “esperteza” de seus
políticos.
O Brasil não é uma ilha, deveria ser visto, entretanto, como
um conjunto de unidades quase independentes. Queremos viver junto a nossos
governantes, em condições de cercar seus palácios, se necessário, e mostrar ao
vivo e a cores nossas insatisfações. Mais ainda, é terrível ver o resultado do
nosso trabalho ser exaurido em transferências para especuladores e banqueiros,
assim como em projetos de valor questionável, isso sem falar na tremenda
estrutura burocrática ineficaz e alienada.
No Brasil perdemos sensibilidade para o que significa pagar
impostos e suas finalidades e vivemos a fantasia de que: o “Governo” paga.
Será que, além de ineficazes, somos idiotas?
Cascaes
7.6.2014
[1]
Johannes Gensfleisch
zur Laden zum Gutenberg, ou
simplesmente Johannes Gutenberg (Mogúncia, ca. 1398 — 3 de fevereiro de 1468) foi um inventor e gráfico alemão. Sua
invenção do tipo mecânico móvel para impressão começou a Revolução da Imprensa e é amplamente considerado o evento mais importante do período moderno. Teve
um papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, Reforma e na Revolução Científica e lançou as bases materiais para a moderna economia baseada no conhecimento e adisseminação
da aprendizagem em massa.
Gutenberg foi o primeiro no mundo a usar a impressão por tipos móveis,
por volta de 1439, e o inventor global da prensa móvel.
Entre suas muitas contribuições para a impressão estão: a invenção de um
processo de produção em massa de tipo móvel, a utilização de tinta a base de óleo e
ainda a utilização de uma prensa de madeira similar à prensa de parafuso
agrícola do período. Sua invenção verdadeiramente memorável foi a combinação
desses elementos em um sistema prático que permitiu a produção em massa de
livros impressos e que era economicamente rentável para gráficas e leitores. O
método de Gutenberg para fazer tipos é tradicionalmente considerado ter
incluído uma liga de tipo de metal e um molde manual para a confecção do tipo.
O uso de tipos móveis foi um marcante aperfeiçoamento nos manuscritos,
que era o método então existente de produção de livros na Europa, e na
impressão em blocos de madeira, revolucionando o modo de fazer livros na
Europa. A tecnologia de impressão de Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda
a Europa e mais tarde pelo mundo.
Sua obra maior, a Bíblia de Gutenberg (também conhecida como a Bíblia de 42 linhas),
foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica. Wikipédia
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