Em Brasília vota-se nesta semana a possibilidade de abertura
de processo contra mais um Presidente da República, alguém que perdeu
popularidade à medida que detalhes de seu comportamento vieram à público. A dúvida
maior é o que será menos ruim, manter esse governo ou abrir espaço para outro0s
dois na sequência do impeachment.
O desencanto com os membros do Congresso Nacional é imenso,
quem substituirá o Presidente? Será alguém melhor? Os congressistas querem um
bom Governo?
A estratégia que derrubou a Presidente Dilma Rousseff
voltou-se contra o vice-presidente. Negociar com pessoas gananciosas,
egocêntricas, com projetos pessoais de Poder a qualquer custo é algo
extremamente perigoso. O político Michel Temer deve saber disso melhor do que
ninguém, tanto assim que não mediu custos e esforços para ajustar seu ninho e
garantir apoios importantes. Corporações
estratégicas ganharam “consolos” para esquecerem o Brasil e os brasileiros.
A história de “nossa” pátria é triste.
Pagamos muito caro com a interrupção dos muitos processos
democráticos ou não em que o Brasil
passou a partir de 1822. Sim, 1822 pois lá os ideais democráticos começaram a
ganhar força. Tempos de liberdade imberbe criaram bases para 1889 e daí para
frente nossa “democracia” empoderou classes fortíssimas. A experiência se perdeu
em discursos, quarteladas, golpes e no famoso “café com leite”; no Brasil de
elites primitivas o resto incomodava e a experiência dos colonizadores foi
sempre relativamente cautelosa, afinal aqui tínhamos milhões de
afrodescendentes. Imaginem se o que aconteceu no Haiti e primeira democracia
americana acontecessem aqui. A Revolução Francesa assustava ou empolgava e a
Guerra Civil norte-americana preocupava.
No Brasil levantes militares, caudilhescos e a Guerra do Paraguai
desorganizaram violentamente a Economia do País assim como as muitas crises
econômicas lá e cá. Assunto não falta para gerar estudos, teses, debates e até
partidos políticos. De qualquer modo o resto do mundo também vivenciou
desgraças, algumas infinitamente piores. Talvez a tragédia criada por guerras
mundiais na Europa e Ásia tenha ajudado aqueles povos a serem mais objetivos.
O Ser Humano está mais perto de Nietsche [1] do que de todos
idealistas do mundo.
Podemos também acreditar que somos grandes demais. Governar
um país com mais de duzentos milhões de habitantes espalhados por oito e meio
milhões de quilômetros quadrados, tropical e subtropical, com mais de trinta
mil quilômetros de fronteiras terrestres e marítimas, não é fácil...
Nesse calidoscópio que converge para Brasília temos um caldo
cultural indigesto.
E agora?
A pergunta que não cala é se tirar o presidente de plantão
será melhor ou pior do que oferecer às feras a escolha do próximo. Processos
políticos têm prazo e julgamentos técnicos podem continuar acumulando sentenças
que impedirão o réu, se condenado, ao rigor da lógica do crime e castigo. Talvez
o maior castigo, se fosse possível, seria dizer ao Dr. Michel Temer: comporte-se
ou perde o trono.
O povo brasileiro está sufocado, cansado, triste inclusive
por uma mídia ostensiva de tudo o que os inquéritos mostraram e ainda vão poder
fazê-lo (será?) criando furos de reportagem e oscilações muito convenientes ao
apostadores na Bolsa de Valores. Afinal, quem está faturando com a crise?
Apenas um cenário está mais do que evidente, merecendo
perguntas não respondidas.
Para que serve a Justiça Eleitoral?
O Poder Judiciário é eficaz?
Temos leis inúteis? Excesso de leis, regulamentos, decretos,
normas, carimbos, burocracia etc.?
Algumas proibições e leis ajudam ou atrapalham?
Vamos continuar enchendo depósitos de gente sem dinheiro
para pagar bancas de advogados?
Parece-nos que a legislação só existe para quem não é membro
das muitas cortes formais e informais existentes no Brasil que empolga os seus
nativos em tempos de campeonatos esportivos.
A responsabilidade dos brasileiros será medida nas próximas
eleições. Sem querer ofender 0os bons políticos, eles existem, vamos votar
neles?
Os eleitores vão usar a lógica de “não perder o voto”?
A bajulação fedorenta vai continuar?
E nesta semana, nas próximas, o que fazer?
Precisaremos da proteção de todos os santos e deuses para,
quem sabe, termos representantes em número e qualidade suficiente para decisões
respeitáveis e capazes de salvar nosso país de conflitos maiores e inúteis.
Cascaes
31.8.2017
[1]
|
F. Nietzsche,
“Humano, demasiado Humano,” [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/humano-demasiado-humano.html.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário