quarta-feira, 28 de abril de 2021

O comportamento do corruptor


 

O comportamento do corruptor

 

A ingenuidade cria corruptos, gente que talvez jamais tenha pensado em ser parte de golpes que afetam nosso povo.

Nós, mais velhos, se tivemos funções atraentes a empresas e sistemas de poder com certeza teremos sido testados. Aprendemos e podemos agora orientar nossos descendentes, principalmente para as manhas da podridão dos negócios escusos.

Isso não significa simplesmente teatralizar as tentativas de suborno. Muitos simplesmente exercem suas profissões, nem sempre honrosas. O verdadeiro desafio é não aceitar a corrupção, tenha a forma que for.

No passado remoto as tentativas e situações clássicas envolviam sequestros, casamentos arranjados, formação de janízaros[1], tropas de guarda pessoal etc. Privilégios, medalhas e honrarias e muito dinheiro eram distribuídos para motivar lealdade.

No Brasil atual podemos perceber mais uma vez que  sem qualquer pudor dos corruptores o “toma lá, dá cá” parece valer.

Note-se que em muitos casos as consequências são assustadoras, talvez significando milhares de mortes e perdas de qualidade de vida para nosso povo.

A Democracia é feita e usada por seres humanos falíveis, imperfeitos. Suas instituições, se por algum milagre são as melhores possíveis, têm servidores talvez muito frágeis.

O que importa é a motivação e a determinação  contínua e algo absolutamente necessário: bom caráter com boa educação.

Imagino que os bandidos detestam as pessoas de bons princípios. Elas atrapalham seus negócios. Que “gente chata” ...

A dimensão da cooptação depende da importância dos alvos. Pessoalmente já vivi prazeres imensos sempre pensando no que o nosso perfeito e depois governador ensinava, se oferecerem algo aceitem, na hora de decidir decidam certo. Roberto Requião sempre citava Sidônio Muralha (colaboradores da Wikipédia).: sabendo o que enfrentaríamos no serviço público.

Vale reproduzir parte da mensagem de Sidônio Muralha:

Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se caráter custa caro
pago o preço.

...

Sidónio Muralha

O Dr. Sérgio Moro, pessoa que admiro irrestritamente, repetiu inúmeras vezes, fazer a coisa certa sempre. Ou seja, estaríamos em novos tempos se as ações surpreendentes de alguns políticos não tivessem promovido o retrocesso que presenciamos.

Tive sempre por princípio de que uma pessoa realmente amiga não lhe pedirá ato desonesto. Essa convicção só se reforçou com o tempo. A desonestidade é típica dos hipócritas. Ou seja, a amizade exige honestidade em todos os sentidos e amigos leais a bons princípios.

Algo extremamente desagradável é a percepção de caímos em alguma armadilha, que a desonestidade aparentemente é sua quando alguém de máxima confiança lhe pede algo jurando seriedade e adiante descobrimos falhas lamentáveis.

Quem tem muito poder é solitário, um eremita. Precisa decidir e sabe que nem com o espelho será capaz de falar, as paredes têm ouvidos.

Grandes decisões afetam muita gente, normalmente amigos e inimigos.

Nesse sentido a mídia é cruel pois sempre estará com a liberdade de imaginar e divulgar a pior hipótese. Honestidade não dá ibope.

No Brasil que não foi criado por puritanos a lógica perversa impera. A corrupção até a poucos anos era pública e notória. Os piores compradores de consciências não faziam mistério de suas estratégias.

Ao contrário, chegamos a ouvir de um amigo que “Deus dá asas para quem não sabe voar” ...

E agora?

Que tipo de desonestidade é pior? Podemos aceitar desvios de conduta?

O que é crime absoluto? Quem deve estar no banco dos réus?

Como enfrentar criminosos poderosos?

Vemos com perplexidade o desmonte de um esforço que começou com o Mensalão e culminava com a Lava Jato.  Lamentavelmente os mentores da Lava Jato erraram em formalidades e os crimes e criminosos que todo brasileiro atento sabia que existiam ficarão, provavelmente, impunes.

Obviamente ninguém é perfeito. Ninguém é tão bom quanto desejaríamos que fosse nem tão ruim quanto imaginamos.

Qualquer cidadão pode se corrigir e o fará se a dimensão de suas boas ações exigirem .

Desinteligência é inibir soluções pela radicalização de conceitos.

A Democracia exige compreensão das variações de seus líderes.

Grandes pessoas cometem grandes erros e grandes acertos e as pequenas costumam apenas errar numa pequena dimensão e fazer pequenas coisas.

Que erros seriam toleráveis?

É função dos legisladores definir limites e do Poder Judiciário julgar.

A imperfeição do Estado e de suas leis é uma realidade inegável.
Diante de tudo isso a Justiça deve ser pragmática? Idealista? Formalista?

Em processos revolucionários a Justiça é sumária, poderia ser diferente?

O Brasil lutava contra a corrupção, o crime organizado, a hipocrisia e o deboche de suas leis.

E agora?

Que esperança teremos?

 

Bibliografia

colaboradores da Wikipédia. (s.d.). Sidónio Muralha. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sid%C3%B3nio_Muralha

 

 



[1] Os janízaros ou janíçaro (do turco Yeniçeri, ou "Nova Força") constituíram a elite do exército dos sultões otomanos. A força, criada pelo sultão Murade I, cerca de 1365, era constituída de crianças cristãs capturadas em batalha, levadas como escravas e convertidas ao Islã.

Seu código de conduta era rigoroso e obrigava:...

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jan%C3%ADzaro#:~:text=Os%20jan%C3%ADzaros%20ou%20jan%C3%AD%C3%A7aro%20(do,escravas%20e%20convertidas%20ao%20Isl%C3%A3.

 

 


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