O comportamento do corruptor
A ingenuidade cria corruptos, gente que talvez
jamais tenha pensado em ser parte de golpes que afetam nosso povo.
Nós, mais velhos, se tivemos funções atraentes
a empresas e sistemas de poder com certeza teremos sido testados. Aprendemos e
podemos agora orientar nossos descendentes, principalmente para as manhas da
podridão dos negócios escusos.
Isso não significa simplesmente teatralizar as
tentativas de suborno. Muitos simplesmente exercem suas profissões, nem sempre
honrosas. O verdadeiro desafio é não aceitar a corrupção, tenha a forma que
for.
No passado remoto as tentativas e situações
clássicas envolviam sequestros, casamentos arranjados, formação de janízaros[1],
tropas de guarda pessoal etc. Privilégios, medalhas e honrarias e muito dinheiro
eram distribuídos para motivar lealdade.
No Brasil atual podemos perceber mais uma vez
que sem qualquer pudor dos corruptores o
“toma lá, dá cá” parece valer.
Note-se que em muitos casos as consequências
são assustadoras, talvez significando milhares de mortes e perdas de qualidade
de vida para nosso povo.
A Democracia é feita e usada por seres humanos
falíveis, imperfeitos. Suas instituições, se por algum milagre são as melhores
possíveis, têm servidores talvez muito frágeis.
O
que importa é a motivação e a determinação contínua e algo absolutamente necessário: bom
caráter com boa educação.
Imagino
que os bandidos detestam as pessoas de bons princípios. Elas atrapalham seus
negócios. Que “gente chata” ...
A
dimensão da cooptação depende da importância dos alvos. Pessoalmente já vivi prazeres
imensos sempre pensando no que o nosso perfeito e depois governador ensinava,
se oferecerem algo aceitem, na hora de decidir decidam certo. Roberto Requião
sempre citava Sidônio Muralha
Vale
reproduzir parte da mensagem de Sidônio Muralha:
Parar. Parar não
paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se caráter custa caro
pago o preço.
...
O Dr.
Sérgio Moro, pessoa que admiro irrestritamente, repetiu inúmeras vezes, fazer a
coisa certa sempre. Ou seja, estaríamos em novos tempos se as ações surpreendentes
de alguns políticos não tivessem promovido o retrocesso que presenciamos.
Tive
sempre por princípio de que uma pessoa realmente amiga não lhe pedirá ato
desonesto. Essa convicção só se reforçou com o tempo. A desonestidade é típica
dos hipócritas. Ou seja, a amizade exige honestidade em todos os sentidos e
amigos leais a bons princípios.
Algo
extremamente desagradável é a percepção de caímos em alguma armadilha, que a
desonestidade aparentemente é sua quando alguém de máxima confiança lhe pede
algo jurando seriedade e adiante descobrimos falhas lamentáveis.
Quem
tem muito poder é solitário, um eremita. Precisa decidir e sabe que nem com o
espelho será capaz de falar, as paredes têm ouvidos.
Grandes
decisões afetam muita gente, normalmente amigos e inimigos.
Nesse
sentido a mídia é cruel pois sempre estará com a liberdade de imaginar e
divulgar a pior hipótese. Honestidade não dá ibope.
No
Brasil que não foi criado por puritanos a lógica perversa impera. A corrupção
até a poucos anos era pública e notória. Os piores compradores de consciências
não faziam mistério de suas estratégias.
Ao
contrário, chegamos a ouvir de um amigo que “Deus dá asas para quem não sabe voar”
...
E
agora?
Que
tipo de desonestidade é pior? Podemos aceitar desvios de conduta?
O
que é crime absoluto? Quem deve estar no banco dos réus?
Como
enfrentar criminosos poderosos?
Vemos
com perplexidade o desmonte de um esforço que começou com o Mensalão e
culminava com a Lava Jato.
Lamentavelmente os mentores da Lava Jato erraram em formalidades e os
crimes e criminosos que todo brasileiro atento sabia que existiam ficarão,
provavelmente, impunes.
Obviamente
ninguém é perfeito. Ninguém é tão bom quanto desejaríamos que fosse nem tão
ruim quanto imaginamos.
Qualquer
cidadão pode se corrigir e o fará se a dimensão de suas boas ações exigirem .
Desinteligência
é inibir soluções pela radicalização de conceitos.
A
Democracia exige compreensão das variações de seus líderes.
Grandes
pessoas cometem grandes erros e grandes acertos e as pequenas costumam apenas
errar numa pequena dimensão e fazer pequenas coisas.
Que
erros seriam toleráveis?
É
função dos legisladores definir limites e do Poder Judiciário julgar.
A
imperfeição do Estado e de suas leis é uma realidade inegável.
Diante de tudo isso a Justiça deve ser pragmática? Idealista? Formalista?
Em
processos revolucionários a Justiça é sumária, poderia ser diferente?
O
Brasil lutava contra a corrupção, o crime organizado, a hipocrisia e o deboche
de suas leis.
E
agora?
Que
esperança teremos?
Bibliografia
colaboradores da Wikipédia. (s.d.). Sidónio
Muralha. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sid%C3%B3nio_Muralha
[1] Os janízaros
ou janíçaro (do turco Yeniçeri, ou "Nova Força")
constituíram a elite do exército dos sultões otomanos. A
força, criada pelo sultão Murade I, cerca
de 1365, era constituída de crianças cristãs capturadas em batalha,
levadas como escravas e convertidas ao Islã.
Seu código de conduta era rigoroso e obrigava:...
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